Vantagens
As desvantagens que possam ser apontadas no uso de juntas e de aparelhos de apoio constituem-se depoimentos em favor das vantagens dos edifícios sem juntas.
1) A inclusão de juntas e aparelhos de apoio nas edificações, estendendo-se muitas vezes até às fachadas, aumentam os custos da construção.
2) As juntas e seus componentes, mesmo quando bem executadas, têm vida útil bem menor do que a estrutura, exigindo, por isso, custos de manutenção, de substituição e de reparos. Por esse motivo, só devem ser usadas quando são absolutamente necessárias.
3) As juntas, notadamente as de piso, são locais críticos de agressividade e de durabilidade, pela concentração de umidade, eventual passagem de detergentes de limpeza, e consequentes carbonatações do concreto e corrosão das armaduras.
4) Juntas mal executadas impedem os deslocamentos previstos e geram esforços solicitantes imprevistos, com prejuízo do desempenho da estrutura em serviço. Os reparos de juntas mal executadas são geralmente complicados e dispendiosos.
5) As estruturas de edifícios sem juntas apresentam vantagens na resistência às ações de forças horizontais, que são uniformemente conduzidas através das lajes de piso aos elementos de rigidez.
6) A introdução de cargas concentradas ou lineares através dos aparelhos de apoio das juntas provocam concentração de tensões, que, por sua vez, dão lugar a concentrações de armaduras. A concentração de tensões principais sob um aparelho de apoio é ilustrada na Fig. 5, em um estado plano de tensões. No caso de estado tridimensional de tensões, essa concentração seria ainda mais intensa. Em uma estrutura monolítica, sem juntas, esse fluxo de tensões principais é bem mais uniforme, como ilustra a Fig. 6.
7) A redundância de vínculos no sistema estrutural sem juntas significa uma maior reserva de resistência e de segurança. O melhor comportamento dessas estruturas redundantes às vibrações e deformações pode ser apontado como mais uma vantagem dos edifícios sem juntas.
Desvantagens
As estruturas de edifícios sem juntas apresentam também desvantagens.
1) A eliminação das juntas e aparelhos de apoio no projeto das estruturas de edifícios corresponde, na maioria dos casos, a acréscimo de esforços solicitantes gerados pelas deformações impostas à estrutura pelas variações de temperatura, retração e fluência do concreto. Se os movimentos horizontais da estrutura decorrentes das deformações impostas sofrem pouca restrição, esse acréscimo é pequeno. Mas se, ao contrário, há muita restrição às deformações impostas, então os respectivos esforços atingem grandes valores. Ao projetista cabe a análise adequada e a solução correta para cada caso.
2) Quando as restrições às deformações impostas geram importantes esforços de tração nos elementos estruturais, a análise respectiva da estrutura deve considerar a não linearidade física em virtude da fissuração, e, eventualmente, a interação solo-estrutura, pois esses esforços solicitantes dependem de sua rigidez.
3) Como a superposição de esforços da análise linear não é válida na análise não linear, esta análise da estrutura, para ser rigorosa, necessita de ter em conta o histórico de carregamento, o qual, portanto, deverá ser idealizado, antecipadamente, na fase de projeto.
4) As estruturas sem juntas, para controle da fissuração das vigas e lajes, exigem maiores taxas de armaduras do que as estruturas convencionais com juntas.
5) Até 15 anos atrás, havia uma razão importante para a limitação da distância entre juntas nos edifícios longos, que era a necessidade dos projetistas de estabelecer sistemas estáticos claramente definidos e calculáveis pelos recursos disponíveis. Essa razão perde hoje sua importância em face à disponibilidade de computadores que possibilitam análises de sistemas estruturais bem mais complexos do que antes.
Antonio Carlos Reis Laranjeiras Salvador, BA Julho, 2017